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O início do ano letivo muda rotina de pais, alunos e da cidade: só o trânsito tem aumento de 30% no fluxo de veículos. Mas nem todo mundo voltou a estudar. Nas escolas da rede estadual, o ano letivo só começa em abril
Thais Borges
thais.mascarenhas@redebahia.com.br
thais.mascarenhas@redebahia.com.br
Acordar cedo, vestir a farda que já estava separada
desde a noite anterior, guardar os cadernos novos na mochila e esperar
pelo momento de encontrar os antigos — e novos — amigos. Essa foi a
preparação de mais de 135 mil estudantes nesta segunda (18), quando 426
escolas da rede municipal de ensino voltaram às aulas. Enquanto isso, 17
mil alunos que migraram este ano para a rede estadual têm enfrentado
uma sensação não muito nova: o tédio.
O estudante Gustavo Matos, 11 anos, é um dos
estudantes que conseguiu matar a ansiedade. Quando chegou à Escola
Municipal Cidade de Jequié, na Avenida Cardeal da Silva, em seu primeiro
dia no 7º ano, correu para encontrar os amigos. Colocava a conversa em
dia com um grupo de seis colegas, cada um contando o que tinha feito nas
férias.
“Ficar em casa sem fazer nada é ruim. Enjoei de ver
televisão e até de brincar”, contou. Tudo que ele mais queria era
estrear os novos cadernos. “Eu gosto mesmo é de escrever”, disse o
garoto.
Nessa primeira semana, as escolas prepararam os
alunos para a transição: saem as férias, entra o rotina escolar. “Os
professores preparam aulas lúdicas, especialmente para os mais novos,
para que desejem frequentar a escola”, explicou a diretora do Osvaldo
Cruz, Ana Carla Pereira.

Rodrigo Assis, aluno do 3º ano da Escola Osvaldo Cruz, no Rio Vermelho (Foto: Tayse Argôlo)
Brigas
Enquanto esperava na porta da mesma escola, Ingrid Almeida, 11, tentava se conter. “Já encontrei minhas amigas, abracei e beijei”, comemorou. A mãe, a doméstica Mariana de Almeida, 30, também ficou feliz porque as férias da filha acabaram.
Enquanto esperava na porta da mesma escola, Ingrid Almeida, 11, tentava se conter. “Já encontrei minhas amigas, abracei e beijei”, comemorou. A mãe, a doméstica Mariana de Almeida, 30, também ficou feliz porque as férias da filha acabaram.
“Já estava na hora (de voltarem às aulas). Quando
ela está em casa, fica brigando com o irmão. Até coloquei ela no turno
da tarde e ele durante a manhã, para que só se encontrem à noite”,
admitiu Mariana, se referindo ao outro filho, Diego, 3 anos.
Quem também ficou bem mais aliviada quando viu que a
filha estaria voltando às aulas foi a administradora Ana Isabel Ventin,
31. Mãe da pequena Ana Victória, 9, ela não saía do lado da menina
durante a recepção dos alunos na Escola Municipal Osvaldo Cruz, mas
ficava feliz com o ganho de mais tempo para si mesma.
“A verdade é que pai e mãe não veem a hora de os
filhos começarem a estudar. Por mais que ela se comporte, sempre precisa
de mais atenção em casa”, explicou.
Espera
Em contrapartida, estudantes como Brendo Souza, 13, têm que se contentar em esperar até abril. Depois de completar o 5º ano na Escola Municipal João XXIII, no Engenho Velho de Brotas, ele tem quatro meses até que comecem suas aulas na Escola Estadual Maria Romana Calmon, no mesmo bairro.
Em contrapartida, estudantes como Brendo Souza, 13, têm que se contentar em esperar até abril. Depois de completar o 5º ano na Escola Municipal João XXIII, no Engenho Velho de Brotas, ele tem quatro meses até que comecem suas aulas na Escola Estadual Maria Romana Calmon, no mesmo bairro.
Brendo é um dos 17 mil alunos oriundos da rede
municipal de Salvador que estão ingressando na rede estadual de ensino
na 5ª série/6º ano do ensino fundamental. “Sinto falta de começar um
novo ano”, desabafou.
Mas, de acordo com o secretário estadual da
Educação, Osvaldo Barreto, esses alunos não ficarão desassistidos, e um
calendário de atividades foi montado para recebê-los desde março. O ano
letivo na rede estadual de ensino deve começar apenas no dia 1º de
abril.
Se livrar do tédio também é o objetivo de Rodrigo
Santos, 11. Depois de sair da Escola Municipal Martagão Gesteira, no
Engenho Velho de Brotas, o garoto já enjoou dos quatro meses de férias.
“Todo mundo gosta, mas cansa. Nem todo dia brincar
na rua é tão legal quanto parece”, explicou. Assim, Rodrigo apelou para
outra alternativa: resolveu estudar por conta própria. “Estudo
Matemática e Português para não esquecer os assuntos e também porque eu
gosto. Já chega de descansar”, decretou.
Cansaço
Para completar, existem aqueles que ainda nem tiveram férias. É o caso de Ainara Almeida, 15, que cursa o 1º ano do ensino médio no Colégio Estadual Thales de Azevedo. A perda das férias é uma consequência da greve de professores que durou 115 dias no ano passado.
Para completar, existem aqueles que ainda nem tiveram férias. É o caso de Ainara Almeida, 15, que cursa o 1º ano do ensino médio no Colégio Estadual Thales de Azevedo. A perda das férias é uma consequência da greve de professores que durou 115 dias no ano passado.
Como Ainara, mais de 460 mil estudantes da rede
estadual devem ter aula até o fim deste mês. “Tenho visto as pessoas
começando e terminando (o ano letivo) e eu continuo aqui”. Com
dificuldades em Física, acabou ficando em recuperação na disciplina.
Assim, Ainara é daquelas que só vai se ver livre
mesmo no último momento. “Agora sou eu que preciso de descanso”. Mas ela
só precisa aguentar mais alguns dias. De acordo com a Secretaria
Estadual da Educação, o prazo final para as escolas concluírem o ano
letivo é no próximo dia 28.
Mesmo quem ainda não sabe se vai passar de ano, como
Ainara, deve se matricular na rede estadual a partir de hoje. As
escolas foram orientadas a emitir um certificado de que o aluno ainda
está tendo aulas, para que consiga se matricular. Se o estudante não
conseguir aprovação, pode respirar aliviado, porque continua com a vaga
garantida na escola em que está estudando.
Estado garante aula enquanto ano letivo não começa
Quatro meses de férias é tempo demais? Para Mércia Carolina da Silva, 12, que concluiu o 5º ano (4ª série) na Escola Municipal Martagão Gesteira, e sua mãe, a dona de casa Márcia da Silva, 42, sim. “Vou botar ela em uma banca, para que não esqueça das coisas”, afirma a mãe preocupada.
Quatro meses de férias é tempo demais? Para Mércia Carolina da Silva, 12, que concluiu o 5º ano (4ª série) na Escola Municipal Martagão Gesteira, e sua mãe, a dona de casa Márcia da Silva, 42, sim. “Vou botar ela em uma banca, para que não esqueça das coisas”, afirma a mãe preocupada.
Segundo a Secretaria Estadual da Educação, as duas
podem ficar tranquilas. Os 17 mil estudantes oriundos da rede municipal
de Salvador que estão ingressando na rede estadual de ensino não vão
ficar em casa de bobeira. Foi o que anunciou ontem o secretário Osvaldo
Barreto, que lançou o projeto Viver Escola — desenvolvido para atender
os alunos que vão cursar o 6º ano do ensino fundamental (5ª série) na
rede estadual.
As atividades acontecem de 4 a 27 de março em 62
escolas-polo, na capital. “A rotina escolar passa a ser bem diferente
para essas crianças, que precisam ter e terão um apoio especial nessa
fase de transição, com aulas de Português, Matemática, Ciências e
Artes”, afirmou.
Para que o estudante participe do Viver Escola, os
pais devem fazer a inscrição a partir de quinta-feira, quando também
será aberta a matrícula para esses alunos, nos núcleos de atendimento e
orientação instalados em todas as escolas da rede de ensino estadual.
Trânsito: fluxo cresce 30% com retorno das aulas
A volta às aulas garante um aumento de cerca de 30% no fluxo de veículos no trânsito da cidade. Por esse motivo, a Transalvador deu início ontem à Operação Volta às Aulas, que prossegue até segunda-feira. Das 11h às 13h30, equipes do órgão abordaram pais e condutores de transporte escolar em frente ao Colégio Antônio Vieira para promover o ordenamento dos veículos.
A volta às aulas garante um aumento de cerca de 30% no fluxo de veículos no trânsito da cidade. Por esse motivo, a Transalvador deu início ontem à Operação Volta às Aulas, que prossegue até segunda-feira. Das 11h às 13h30, equipes do órgão abordaram pais e condutores de transporte escolar em frente ao Colégio Antônio Vieira para promover o ordenamento dos veículos.
“Como aumentou o fluxo nessas áreas, orientamos aos
pais para embarcar e desembarcar os filhos em locais seguros e para usar
equipamentos de segurança”, explicou a gerente de educação para o
trânsito da Transalvador, Mirian Bastos.
Hoje, a operação acontece no entorno do Colégio
Salesiano, em Nazaré. Ao longo da semana, o órgão também deve promover
ações nos colégios Portinari, Anchieta, Módulo e Dom Bosco. A operação
terá ainda ciclos de palestras nas escolas.
Prefeito abre ano letivo em escola com pior nota do Irdeb
O ano letivo na rede municipal de ensino foi aberto de forma simbólica pelo prefeito ACM Neto, ontem de manhã, com uma aula inaugural na Escola Municipal de Fazenda Coutos, no Subúrbio Ferroviário, onde estudam 1.355 alunos.
O ano letivo na rede municipal de ensino foi aberto de forma simbólica pelo prefeito ACM Neto, ontem de manhã, com uma aula inaugural na Escola Municipal de Fazenda Coutos, no Subúrbio Ferroviário, onde estudam 1.355 alunos.
Recebido por uma fanfarra, Neto conversou com
professores e alunos e ouviu pedidos de melhorias para a unidade
escolar, que obteve a menor nota no Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (Ideb), entre as escolas de Salvador, em 2011. Neto
falou durante 20 minutos com os alunos e lembrou que até para ser craque
de futebol é preciso estudar.
A estudante Sara Nascimento, 13 anos, disse que a
visita estimulou a vontade de estudar. “Ele vir aqui e dizer que vai
reformar a escola dá mais ânimo ainda para eu me tornar uma bióloga
marinha”, ressaltou.
O prefeito explicou que, para este ano, a
programação da construção de escolas já está fechada, mas que a partir
do ano que vem a escola será contemplada. “Se a escola melhorar o Ideb
vai ser mais rápido ainda”, afirmou.
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