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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Assaltantes usam farda de escola para despistar vítimas e polícia, diz delegada


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“Ninguém espera ser assaltado por um estudante", diz Claudenice Mayo, da Delegacia do Adolescente Infrator (DAI)

23.05.2013 | Atualizado em 23.05.2013 - 08:23
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O crime não tem cara, mas tem aparecido nos últimos dias usando farda escolar. O assassinato do policial Anativo Manoel da Conceição Neto, 33 anos, na Baixinha de Santo Antônio, e a tentativa de assalto em Vila Laura, que terminou com uma dona de casa baleada, são alguns exemplos de crimes praticados por jovens que usavam uniformes escolares da rede pública.

Segundo a delegada Claudenice Mayo, da Delegacia do Adolescente Infrator (DAI), as ocorrências do gênero têm aumentado. “Ninguém espera ser assaltado por um estudante e isso tem ocorrido em regiões populares como Tancredo Neves, Retiro, Subúrbio, Cabula e Vila Laura”, declara.

A delegada diz que muitos adolescentes levados à delegacia se matricularam apenas para obter a farda. “Isso não é uma coisa de muito tempo. Eles encontraram uma forma de as pessoas não desconfiarem e a polícia também, que não tem o hábito de revistar quem está fardado”, diz.

Na sexta-feira passada, o estudante Eduardo Ferraz da Silva, 17 anos, foi até o carro do pai, que estava parado na rua, no Barbalho, quando teve uma arma apontada para a cabeça.

Três rapazes, entre eles dois jovens usando uma farda escolar, pediram a chave do carro. “Um deles estava armado com um 32. Era branco, magro, alto, com nariz fino e rabo de cavalo e usava uma tatuagem tribal na perna”, declarou a vítima. Os bandidos fugiram com o veículo. O caso foi registrado na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubo de Veículos (DRFRV).

Na segunda-feira, uma comerciante e o marido, moradores da Liberdade, viveram  momentos de tensão em um ônibus, quando três jovens anunciaram um assalto, na altura do Porto Seco Pirajá. O veículo fazia a linha Sieiro-Aeroporto. Segundo as vítimas, os três assaltantes usavam uma farda azul de escola pública estadual.

“Não vi quando eles entraram, só quando anunciaram o assalto. Um ficou no fundo, outro no meio, armado com um revólver calibre 38, e o terceiro na frente. Levaram o celular de todo mundo, inclusive o meu”, conta a comerciante, que não quis se identificar.

“Após o assalto, desceram e saíram a pé, como se nada tivesse acontecido”, contou.

A delegada Claudenice Mayo destaca  ainda que o uniforme escolar é usado também para cometer assaltos em escolas. Ela cita como exemplo o caso de ex-alunos que usaram a farda para assaltar os colegas do Colégio Estadual Lomanto Júnior, em Itapuã. Em abril deste ano, dois jovens entraram em uma das salas da unidade e anunciaram o assalto. Um deles ficou na porta para despistar. O outro sacou uma faca e roubou aparelhos de celular e outros objetos de valor das vítimas. Eles teriam entrado após pular um muro na lateral da escola, que fica na Rua Professor Souza Brito.

Secretaria
Sobre os crimes cometidos com o uso do fardamento escolar da rede pública, a superintendente de avaliação e acompanhamento da rede escolar da Secretaria de Educação do Estado (SEC), professora Eni Bastos, disse que o órgão não tem como ter o controle depois que os uniformes são entregues. “Quando os estudantes vão se matricular, não se pode perguntar qual o objetivo real da matrícula. A rede escolar distribui duas fardas para os estudantes e não tem como fazer o controle da forma como são usadas”, declara.

“O fato de alguém cometer um crime com a farda escolar não quer dizer que seja um estudante. A única medida que vem sendo adotada pela Secretaria é que o aluno só recebe o uniforme novo quando entrega o antigo. Mais do que isso  é impossível”, completa.

Dono de mochila encontrada em lava a jato depõe
O dono de uma mochila encontrada no lava a jato onde o capitão da Polícia Militar (PM) Anativo Manoel da Conceição Neto, 33 anos, foi assassinado na segunda-feira, na Baixinha de Santo Antônio, depôs ontem na Delegacia do Adolescente Infrator (DAI).

O dono é um adolescente de 17 anos, morador do Morro do Águia, que esteve na unidade com a mãe e um advogado. Ele teria emprestado a mochila para o autor dos disparos. Segundo a delegada Claudenice Mayo, titular da DAI, a mochila teria sido usada para esconder a arma do crime, um revólver calibre 38.

Ainda de acordo com a delegada, o adolescente contou que no dia do crime foi jogar bola em um campo na Baixinha de Santo Antônio. “Ele conta que um amigo, outro adolescente, pediu a mochila para pegar umas roupas. Ele entregou com uma calça e um caderno. Cerca de 20 minutos depois, ele ouviu o disparo e em seguida viu o amigo correndo”, disse a delegada, que liberou o rapaz. Segundo ela, o jovem que saiu correndo era o autor dos tiros.

Durante a tentativa de assalto, o capitão da PM reagiu e acabou baleado na cabeça.  A ação foi registrada pela câmera de segurança de um estabelecimento comercial em frente ao lava a jato. Claudenice disse ainda que o dono da mochila já foi encaminhado à DAI, ao ser encontrado com um revólver durante uma blitz em 2012.

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