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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Casal se contradiz em relação à ida de baianas à Espanha


Qui , 21/02/2013 às 08:00 | Atualizado em: 21/02/2013 às 22:51

Samuel Lima e Luan Santos

  • Ivaldo Cavalcante | Agência Estado
    Suspeita de envolvimento em adoções ilegais, Carmem Topschall alega inocência
  • Fernando Amorim | Ag. A TARDE
    Elizânia disse que jovens sabiam o que iam fazer. Já Denílson declarou que não sabia de nada
  • Ivaldo Cavalcante | Agência Estado
    Suspeita de envolvimento em adoções ilegais, Carmem Topschall alega inocência
  • Fernando Amorim | Ag. A TARDE
    Elizânia disse que jovens sabiam o que iam fazer. Já Denílson declarou que não sabia de nada
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Integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Federal, que investiga o tráfico de pessoas no País, tiveram um dia movimentado em Salvador nesta quinta-feira, 21. Pela manhã, os deputados ouviram a empresária Carmen Topschall, suspeita de ter envolvimento com adoções irregulares no interior baiano.
Durante a tarde e início da noite, o foco foi na investigação da rede de prostituição internacional que levou jovens baianas à Espanha. Acusados de integrar a rede, Denílson Costa Pereira Reis e a mulher dele, Elizânia dos Santos Evangelista Reis, tiveram posturas opostas diante dos deputados integrantes da CPI.
Primeiro a depor, Denílson disse ter apresentado duas jovens baianas ao espanhol Angel Bermudez Motos (apontado pela polícia como chefe da organização criminosa), mas que não sabia qual o interesse do estrangeiro nas mulheres.
Entretanto, Elizânia confirmou aos deputados que as garotas aceitaram a proposta do espanhol sabendo que teriam que se prostituir. "Elas foram de consciência limpa, sabendo o que iriam fazer, não induzimos ninguém nem traficamos ninguém", alegou.
Antes de ser impedida pelo advogado Rogério Mattos de continuar o relato, orientada a "só falar em juízo", Elizânia ainda deixou escapar detalhes. "Essas meninas não eram prisioneiras, tinham acesso ao telefone. Só sei que estou presa no lugar de alguém", ela desabafou.
Ao final da sessão, por volta de 20h30, o advogado justificou a adoção do silêncio da cliente diante dos questionamentos da CPI. "Meus clientes são inocentes. O que Elizânia falou que aconteceu não é crime, mas poderia ser interpretado da maneira errada. E os deputados estavam induzindo-a com frases incompletas, dando margem à dupla interpretação", alegou Mattos.
Denílson contou que iria receber R$ 2 mil para servir de motorista para o europeu, enquanto ele passava uma temporada em Salvador, em setembro de 2012.
Eles se conhecem porque Renata Gomes, namorada do espanhol, é prima de Denílson. Ela também é investigada pela Polícia Federal, mas ainda não foi localizada.
Presidente da CPI, o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) afirmou que os depoimentos desta quinta foram proveitosos - a CPI também ouviu uma das jovens levadas à Espanha, que confirmou ter sido explorada sexualmente. "Apesar das contradições, está muito claro que existe uma organização criminosa", concluiu.
O juiz João Paulo Piropo de Abreu, da 2ª Vara Federal, informou que o casal, que permanece preso,  será processado por tráfico internacional de mulheres e formação de quadrilha - e pode pegar de 4 a 15 anos de reclusão.
Suposto esquema - O momento mais tenso do depoimento da empresária Carmen Topschall, sobre a suspeita de participação dela no suposto esquema de adoções ilegais no interior baiano, foi quando o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), presidente da CPI, perguntou sobre o caso de Monte Santo (a 373 km de Salvador).
Ela, que negou qualquer participação e falava da situação de pobreza de muitas famílias na cidade, indicou que o deputado fosse ao local para ver o nível de miséria na região. O deputado se irritou.
"Eu tenho 30 anos de vida pública. A senhora não vai querer me ensinar o que é miséria neste Brasil, que eu conheço dez vezes mais que a senhora! Não venha aqui fazer o seu discurso, tentando nos comover. Se miséria fosse justificativa para se adotar, metade das crianças deste País teriam que ser adotadas", bradou Jordy.
O presidente da CPI disse que a empresária é citada em mais de dez casos de adoções irregulares na Bahia e em outros estados. "Muito difícil a gente se convencer de que uma pessoa esteja envolvida como ela está apenas por gesto de caridade", criticou.
Defesa - Carmen se defendeu, declarando que acompanhou Débora e Letícia, duas das mães paulistas que adotaram crianças em Monte Santo até a cidade, e que não conhecia as demais adotantes.
Ela contou que conheceu as duas por meio de uma amiga (Dora), que mora em São Paulo, e garantiu não ter recebido dinheiro. "Nunca fiz nenhuma intermediação, apenas acompanhei as duas", disse.
A relatora da CPI, deputada Flávia Morais (PDT-GO) interpelou a depoente. "Ao mesmo tempo em que a senhora disse que não queria mais adotar, pediu a guarda de um dos filhos de Silvânia. Mesmo afirmando ter dívidas, continua ajudando as pessoas. Isso me parece muito estranho", ironizou a deputada.
Monte Santo - Nesta sexta, 22, a CPI segue para Monte Santo (a 373 km de Salvador), para uma audiência pública. Entre os convocados a depor estão o juiz Vitor Manoel Xavier Bizerra, investigado por conta de supostas adoções irregulares, conselheiros tutelares e os pais biológicos das crianças envolvidas.

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