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As causas do acidente ainda não foram esclarecidas. Uma equipe do Departamento de Polícia Técnica continuou ontem a perícia, iniciada quarta
15.02.2013 | Atualizado em 15.02.2013 - 07:39
Thais Borges e Leo Barsan
thais.mascarenhas@redebahia.com.br
thais.mascarenhas@redebahia.com.br
Um inquérito civil foi instaurado nesta quinta (14) pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) para apurar o desabamento da estrutura metálica de uma tenda no Complexo de Costa do Sauípe. O acidente deixou outros 30 operários feridos — três em estado grave.
De acordo com o procurador Alberto Balazeiro,
diferentemente do inquérito policial, que apura o homicídio, o MPT vai
investigar o dano causado à sociedade. “Vamos investigar e descobrir de
quem é a culpa, bem como se foram adotadas normas de segurança e se
houve treinamento dos empregados. Vamos usar a repressão como forma de
prevenção”.
Dez operários se equilibravam a 25 metros de altura (Foto: Rafael Martins)
Os responsáveis pelas empresas envolvidas serão
convocados a prestar esclarecimentos e também serão avaliados os
resultados da perícia. Segundo o procurador, não há um prazo para as
investigações.
Operário morto em desabamento foi enterrado
Zilmar Nere dos Santos, 19 anos, não queria ir ao trabalho quarta-feira. Ainda assim, preferiu não faltar — ele era um dos montadores da tenda que iria abrigar um evento do banco Bradesco neste fim de semana no Complexo Hoteleiro da Costa do Sauipe, Litoral Norte do estado. Acabou morrendo no mesmo dia, quando a tenda desabou.
Zilmar Nere dos Santos, 19 anos, não queria ir ao trabalho quarta-feira. Ainda assim, preferiu não faltar — ele era um dos montadores da tenda que iria abrigar um evento do banco Bradesco neste fim de semana no Complexo Hoteleiro da Costa do Sauipe, Litoral Norte do estado. Acabou morrendo no mesmo dia, quando a tenda desabou.
“Parecia que ele estava sentindo que a hora dele
estava chegando”, lembrou o amigo Tailan Silva, 14, enquanto velava o
corpo de Zilmar no Cemitério Quinta dos Lázaros. Zilmar foi enterrado
ontem, às 17h.
Familiares e amigos compareceram ao enterro, além de
colegas de trabalho do montador. Ninguém soube informar o nome da
empresa que Zilmar trabalhava há pelo menos um ano. A mãe de Zilmar
precisou ser medicada.
As causas do acidente ainda não foram esclarecidas.
Uma equipe do Departamento de Polícia Técnica continuou na quinta a
perícia, iniciada quarta. A coordenação de Engenharia Legal do Instituto
de Criminalística Afrânio Peixoto realizou nesta quinta a primeira
etapa da avaliação, quanto à segurança do espaço, primeiro na área
externa e, em seguida, na interna. O DPT tem 15 dias para a conclusão do
laudo.
Dez operários se equilibravam a 25 metros de altura (Foto: Rafael Martins)
Vela
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Marco Amigo, uma falha na montagem pode ser uma das razões do acidente, além de problemas nos materiais utilizados.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Marco Amigo, uma falha na montagem pode ser uma das razões do acidente, além de problemas nos materiais utilizados.
“Um dos momentos de maior risco na montagem é a
colocação do toldo. Se não estiver bem justo, ela (a cobertura) pode
funcionar como a vela de um barco e derrubar a estrutura”, explicou. A
tenda em Sauipe caiu durante a colocação do toldo.
Uma equipe do Crea esteve no local no dia do
acidente e fez uma avaliação preliminar. Uma comissão técnica ainda
avalia os dados. Segundo o presidente do conselho, um relatório sobre as
possíveis causas do desabamento deve sair em duas semanas.
Já a investigação da Polícia Civil é conduzida por
Diana Marise, titular da Delegacia de Praia do Forte. Ela ouviu uma
sócia da empresa Luz Soluções, uma das terceirizadas, um engenheiro
contratado pela empresa responsável pela produção do evento, a TV1, e um
representante do banco.
A delegada ainda não tem a lista de todos os
empregados contratados. A relação com todas as empresas ainda não foi
divulgada pela TV1.
“O Bradesco contratou a TV1, que contratou outra
empresa, que subcontratou as demais. Ninguém quer dizer o nome de todas
as empresas. Foi irresponsabilidade contratar montadores sem carteira
assinada e sem experiência”, criticou o presidente da Central Única dos
Trabalhadores da Bahia, Cedro Silva.
De acordo com Cedro, o sindicato ainda procura pelo
funcionário identificado como Galego, supostamente desaparecido. “Ainda
estamos apurando, mas pelo tempo decorrido, acho que todas as vítimas já
foram resgatadas”.
De acordo com a TV1, 11 feridos tiveram alta e 16 continuam internados
— desses, um na UTI do Hospital do Subúrbio, em estado grave, e outros
dois na UTI da Clínica Ortopédica e Traumatológica (COT), no Canela.
Através de nota, a empresa TV1 informou que já
disponibilizou para as autoridades a documentação que atesta a aprovação
dos projetos de engenharia e arquitetura de toda a estrutura, além de
instalações elétricas, de iluminação, metálicas e sonorização.
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