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12.09.2013 | Atualizado em 12.09.2013 - 07:23
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Pedro Tourinho*
Não que o fim dos carnavais do axé seja uma
novidade, porque não é. O fim do Chiclete com Banana é um sintoma, não é
um sinal, pois sinais já estavam aí há anos para quem queria ver.
Depois de 30 anos de bonança, de ascensão, a fórmula do Carnaval
business da Bahia finalmente esgotou. A fonte secou, a luz do fim do
túnel se apagou e, se não chegamos ao fundo do poço, acredito que
estamos bem próximos.
Ultimamente, quando me perguntavam se a axé music ia acabar, eu sempre respondia, parafraseando uma frase de Zéu Britto, que a axé-music já acabou, o que tá aí é só o bagaço, a raspa do tacho. Há exatamente um ano escrevi neste mesmo espaço referindo-me a Salvador como a cidade que se enforcou no próprio abadá. Na época, falei em como a indústria do Carnaval sufocou a inovação e a renovação da música e do público na Bahia e, agora que a fórmula do axé se esgotou, o futuro do Carnaval empresarial da nossa terra estaria cada vez mais nas mãos de grupos sertanejos, DJs internacionais e camarotes em que o público fica encaixotado e de costas para a festa.
Com o fim do Chiclete com Banana - desculpem-me os amigos remanescentes, mas realmente não acredito em Chiclete sem Bell Marques - cai o mais importante simbolo do Carnaval como negócio de entretenimento. Bell é nosso Rei, nosso Roberto Carlos. São 30 anos ininterruptos de sucesso e a sua voz, através da sua discografia, é a mais presente trilha sonora de todos os Carnavais da nossa vida. Sucessos vêm e vão, já o Chiclete, sempre esteve. Certamente ambos irão continuar fazendo sucesso e ganhando dinheiro em seus caminhos solos, mas aquela banda, como símbolo de uma era, já era.
Contudo, o fim não é o fim, pois também traz junto consigo a oportunidade de recomeço.
O último Carnaval do Chiclete com Banana poderia ser também o último Carnaval em que tem de se esperar a madrugada para ver o Ilê passar. Ou o último Carnaval em que Moraes Moreira e Luiz Caldas têm de pedir socorro para poder tocar. Pode ser o último Carnaval em que a grande novidade será a nova banda de pagode, e não o BaianaSystem reinventando a guitarra baiana. Pelo amor de Deus, poderia ser também o último Carnaval em que camarotes invadem as ruas, o último Carnaval do povo expremido entre tapumes, cordas e PMs.
Independentemente de qualquer coisa, o último Carnaval do Chiclete com Banana poderá ser o último Carnaval do modelo que minha geração conheceu, mas de forma alguma será o último Carnaval da Bahia. Esse é mais forte do que qualquer modismo, qualquer gênero musical ou modelo de negócio. O que virá depois será exatamente o que sempre foi essencial: um espaço como nenhum outro para alegria, democrática mistura, caldeirão sexual e cultural, a geleia geral mais do que propícia para valorização do que é eterno e para o surgimento do novo.
O fim é a grande oportunidade do recomeço, seja para Bell, seja para o Chiclete com Banana, seja para a música da Bahia. Como disse Bell, não é um novo caminho, mas sim um novo jeito de caminhar. E vamos aprender esse novo jeito juntos.
Ultimamente, quando me perguntavam se a axé music ia acabar, eu sempre respondia, parafraseando uma frase de Zéu Britto, que a axé-music já acabou, o que tá aí é só o bagaço, a raspa do tacho. Há exatamente um ano escrevi neste mesmo espaço referindo-me a Salvador como a cidade que se enforcou no próprio abadá. Na época, falei em como a indústria do Carnaval sufocou a inovação e a renovação da música e do público na Bahia e, agora que a fórmula do axé se esgotou, o futuro do Carnaval empresarial da nossa terra estaria cada vez mais nas mãos de grupos sertanejos, DJs internacionais e camarotes em que o público fica encaixotado e de costas para a festa.
Com o fim do Chiclete com Banana - desculpem-me os amigos remanescentes, mas realmente não acredito em Chiclete sem Bell Marques - cai o mais importante simbolo do Carnaval como negócio de entretenimento. Bell é nosso Rei, nosso Roberto Carlos. São 30 anos ininterruptos de sucesso e a sua voz, através da sua discografia, é a mais presente trilha sonora de todos os Carnavais da nossa vida. Sucessos vêm e vão, já o Chiclete, sempre esteve. Certamente ambos irão continuar fazendo sucesso e ganhando dinheiro em seus caminhos solos, mas aquela banda, como símbolo de uma era, já era.
Contudo, o fim não é o fim, pois também traz junto consigo a oportunidade de recomeço.
O último Carnaval do Chiclete com Banana poderia ser também o último Carnaval em que tem de se esperar a madrugada para ver o Ilê passar. Ou o último Carnaval em que Moraes Moreira e Luiz Caldas têm de pedir socorro para poder tocar. Pode ser o último Carnaval em que a grande novidade será a nova banda de pagode, e não o BaianaSystem reinventando a guitarra baiana. Pelo amor de Deus, poderia ser também o último Carnaval em que camarotes invadem as ruas, o último Carnaval do povo expremido entre tapumes, cordas e PMs.
Independentemente de qualquer coisa, o último Carnaval do Chiclete com Banana poderá ser o último Carnaval do modelo que minha geração conheceu, mas de forma alguma será o último Carnaval da Bahia. Esse é mais forte do que qualquer modismo, qualquer gênero musical ou modelo de negócio. O que virá depois será exatamente o que sempre foi essencial: um espaço como nenhum outro para alegria, democrática mistura, caldeirão sexual e cultural, a geleia geral mais do que propícia para valorização do que é eterno e para o surgimento do novo.
O fim é a grande oportunidade do recomeço, seja para Bell, seja para o Chiclete com Banana, seja para a música da Bahia. Como disse Bell, não é um novo caminho, mas sim um novo jeito de caminhar. E vamos aprender esse novo jeito juntos.
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