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Menina de 14 anos teve os cabelos roubados durante assalto em Mussurunga. Adolescente que roubou o cabelo foi descoberta através do Facebook
Thais Borges
thais.mascarenhas@redebahia.com.br
thais.mascarenhas@redebahia.com.br
Se você tem uma cabeleira de fazer inveja e alguém
vier em sua direção com uma tesoura, fuja. De acordo com comerciantes do
ramo, os casos de mulheres que são forçadas a entregar os cabelos a
assaltantes são mais comuns do que se imagina.
A “modalidade” de roubo ganhou repercussão com o
caso de uma estudante de 14 anos que teve a cabeleira roubada por outra
adolescente, 17 anos, em Mussurunga, como o CORREIO mostrou nesta
quarta. Segundo a família da vítima, a autora do crime já tinha planos:
fazer um megahair.
Lojas vendem cabelo de todo tipo, mas cliente tem que ir cortar lá (Foto: Robson Mendes)
Poder revender a mercadoria roubada sem ser
descoberto é um dos motivos para o crescimento deste tipo de crime, na
opinião de quem trabalha com a venda (lícita) de cabelos. “Quando os
policiais vão descobrir, o cabelo já foi até vendido”, diz a gerente da
loja Madeixas Cabelos Naturais, Leona Santana.
“Clientes chegam aqui para comprar o cabelo depois de passar por um assalto. Já teve uma até que foi assaltada no Estádio de Pituaçu”, lembra Leona.
“Clientes chegam aqui para comprar o cabelo depois de passar por um assalto. Já teve uma até que foi assaltada no Estádio de Pituaçu”, lembra Leona.
Na loja que ela gerencia, um megahair custa, em
média, R$ 700. Os mais longos podem variar de R$ 1 mil a R$ 1,8 mil. “É
um pouco caro para a realidade de algumas pessoas, então, às vezes eles
(os assaltantes) já têm clientes certas para vender”.
Loiras naturais devem tomar ainda mais cuidado. Para
ter o cabelo com a cor menos comum, tem gente que paga até R$ 3 mil. O
mais popular, ainda assim, é o castanho cacheado. “É o mais cobiçado,
estilo Taís Araújo”, revelou Leona.
Medo
Foi justamente por ter cabelos cacheados que a operadora de caixa Daiane dos Anjos, 27, foi mais uma vítima deste tipo de crime, no ano passado. Dona de cachos castanhos que iam até a metade das costas, ela foi surpreendida dentro de um ônibus que pegou no Terminal da França.
Foi justamente por ter cabelos cacheados que a operadora de caixa Daiane dos Anjos, 27, foi mais uma vítima deste tipo de crime, no ano passado. Dona de cachos castanhos que iam até a metade das costas, ela foi surpreendida dentro de um ônibus que pegou no Terminal da França.
“Eu estava dormindo, daí ele sentou no banco atrás
de mim e disse que era um assalto”, contou. Segundo Daiane, o bandido
mandou que ela descesse no ponto de ônibus seguinte.
Assustada e sem entender o que estava acontecendo, a
jovem obedeceu. Já na rua, o homem ordenou que ela parasse de andar.
“Achei que ia levar minha bolsa, mas ele veio, amarrou meu cabelo e
cortou”, lembra.
O homem não estava armado, mas ameaçou Daiane. “Ele
mandou eu ir embora andando, sem olhar para trás e disse que tinha um
amigo na esquina que me daria um tiro na cabeça se eu me virasse”, conta
Daiane.
Hoje, os cabelos naturais da operadora vão até os
ombros e ela usa megahair para aumentar o volume. “Foi traumatizante.
Não quero mais cabelo grande”, desabafa Daiane, que chegou a registrar
queixa na 11ª Delegacia, de Tancredo Neves.
Segundo Edna de Jesus, proprietária da loja Black
and White, no Orixás Center, os roubos de cabelo não são recentes. “Já
teve uma moça que chegou chorando aqui, porque levaram o cabelo dela na
raça. E outras lojas já foram assaltadas, perderam tudo”, afirma.
Em seu estabelecimento, a empresária só vende
cabelos de quem aparece para vender lá mesmo. “Mas o mercado já não dá
mais lucro como antes”, lamentou.
Tem quem diga que nem tem valido a pena para os
comerciantes. “A gente compra um cabelo por R$ 500, cortando direto da
cliente, e acaba vendendo por R$ 650”, exemplificou a gerente de outra
loja no Orixás Center, Maria Marlene dos Santos. “Estamos praticamente
trocando dinheiro”. A visão de Maria, entretanto, não é a mesma dos
ladrões.
De acordo com comerciantes do Orixás Center, onde
funcionam mais de 15 lojas de megahair, três estabelecimentos foram
roubados nos últimos meses. Em 2011, a loja Kaki foi arrombada. Na
época, os proprietários contaram um prejuízo de R$ 30 mil em cabelo. De
acordo com a assessoria da Polícia Civil, não existe um levantamento
específico sobre roubos de cabelos porque o crime é registrado como
qualquer outro roubo.
Adolescente teve o cabelo cortado em assalto em Mussurunga (Foto: Reprodução)
Negócio
Enquanto muitos comerciantes reclamam das vendas, quem quer lucrar com o próprio cabelo tenta aumentar o preço. A estudante de Comunicação Manuella Cardoso, 20, pretende ficar até dezembro sem cortar os fios. “Fui para São Paulo no Carnaval e vi muitas pessoas com placas dizendo que compravam cabelos. Daí, tive a ideia”, conta ela, que está com os cabelos quase na cintura.
Enquanto muitos comerciantes reclamam das vendas, quem quer lucrar com o próprio cabelo tenta aumentar o preço. A estudante de Comunicação Manuella Cardoso, 20, pretende ficar até dezembro sem cortar os fios. “Fui para São Paulo no Carnaval e vi muitas pessoas com placas dizendo que compravam cabelos. Daí, tive a ideia”, conta ela, que está com os cabelos quase na cintura.
Com as madeixas loiras e onduladas, Manuella pode
acabar ganhando bastante dinheiro, mas vai ter que ser boa de negócio.
Na loja e salão de beleza Mistex, a proprietária, Nilda Gouveia, diz que
não há uma tabela fixa com valores. “Às vezes eu compro um cabelo por
RS 100 e vendo por R$ 300, por exemplo. Às vezes, só R$ 200. Então vai
variando. Depende do cabelo”, conclui.
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