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Pesquisa do Senai mostra que o diploma técnico significou aumento salarial de 58% para os alunos de cursos oferecidos pela instituição na Bahia, após um ano de conclusão
26.03.2013 | Atualizado em 26.03.2013 - 07:07
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Foto: João Alvarez/Fieb
Aluno manuseia equipamento no laboratório de Microeletrônica
Rafael Rodrigues
rafael.rodrigues@redebahia.com.br
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Ainda não encontrou o curso de nível superior que é a sua cara? Tem a necessidade de começar a ganhar dinheiro o quanto antes, mas sabe que apenas com o ensino médio suas chances de ter bons rendimentos são baixas? O curso técnico pode ser sua melhor opção.
Uma pesquisa realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e divulgada ontem aponta que o diploma técnico significou aumento salarial médio de nada menos que 58% para os alunos de cursos oferecidos pela instituição na Bahia, após um ano de conclusão dos estudos.
Em média, estes profissionais ganhavam aproximadamente R$ 1.150 e hoje recebem cerca de três salários mínimos por mês – um pouco mais de R$ 2 mil. E com o tempo de carreira, este valor tende a crescer.
Este é o caso da técnica em eletrotécnica Pétala Jamile Oliveira de Sousa, que começou o curso profissionalizante quando ainda estava no ensino médio, e hoje, aos 21 anos, já possui dois anos de experiência na multinacional francesa de infraestrutura de energia e transporte Alstom, que possui uma unidade em Camaçari.
“O curso abriu minha visão de mundo. A empresa me mandou para fazer um curso de um mês preparatório na Espanha, e agora estou aprendendo inglês, porque em uma multinacional, para me comunicar preciso falar a língua deles”, disse ela.
Antes de ser contratada pela Alstom, Pétala ganhava pouco mais de R$ 1 mil como secretária do setor administrativo de uma empresa sediada em Salvador. Agora embolsa R$ 2,1 mil, mais que o dobro, e admite que a própria empresa possui um plano de carreira para quem optar por continuar na área.
“Aqui entrei como técnica Junior, e aí depois tem técnico Pleno, depois Senior. O salário é muito bom na área industrial”, disse. De acordo com pesquisa do Senai realizada no ano passado, um profissional em eletrotécnica com dez anos de experiência recebe, em média, R$ 5,4 mil.
Pétala afirma que quer ir ainda mais longe. Está guardando parte do salário para, no segundo semestre deste ano, iniciar um curso superior de Engenharia Elétrica. “Quis entrar na área industrial com o curso técnico, para adquirir experiência. Não adianta fazer engenharia, sem ter experiência na área”, disse.
Melhores carreiras
Há cursos técnicos que, pela falta de profissionais no mercado, remuneram melhor que uma série de carreiras de nível superior. No topo, está o de Técnico em Manutenção de Aeronaves, que já sai empregado com salário médio de R$ 2,5 mil e pode chegar a R$ 6,7 mil.
Na lista dos que já saem ganhando mais de R$ 2 mil estão ainda os técnicos em Mineração, Mecatrônica, Naval, Ferramentaria, Inspeção de Equipamentos, Soldagem, Montagem Industrial, Edificações, Automação, Segurança no Trabalho, Projetistas (Desenhistas Técnicos), Biocombustíveis e Petróleo e Gás.
Em efeito comparativo, alguns profissionais de nível superior entram no mercado de trabalho ganhando, em média, menos. Os fisioterapeutas e nutricionista, por exemplo, recebem R$ 1,6 mil. Já os professores de nível superior na educação infantil, fundamental e médio têm salários de R$ 1,1 mil, e os farmacêuticos recebem R$ 2 mil.
Porta de entrada
O consultor de carreiras Daniel Magno, da Máxxima RH, salienta que o curso superior, no longo prazo, ainda é mais valorizado e deve ser o objetivo dos jovens que estão entrando no mercado de trabalho, e reconhece no técnico uma porta de entrada para quem não tem condições de pagar uma universidade privada.
“Na media, o superior ainda paga muito mais. As empresas querem faculdade de primeira linha e com pós-graduação. Mas o curso técnico é importante para quem está almejando na frente ser superior”, avaliou Daniel Magno.
O diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, salienta que uma das vantagens dos cursos técnicos é a possibilidade de começar a fazê-los quando os alunos ainda estão no ensino médio regular, em média aos 16 anos. “Você entra antes do mercado de trabalho, com carreiras estáveis e bem remuneradas”, pontuou.
Conforme dados da instituição e do Ministério do Trabalho (MTE), 74% dos alunos saem dos cursos técnicos empregados. Na média, esses profissionais não ficam mais de dois meses sem trabalho e conseguem recolocação no mercado neste período. Para quem procura uma vaga de nível superior, o tempo para se recolocar varia entre sete a nove meses.
Este tipo de curso, salienta Lucchesi, tornou-se nos últimos anos uma opção importante para os filhos de famílias pobres ou de classe média que, aos 18 anos já precisam ajudar na renda familiar.
“Para quem tem o sonho de seguir carreiras em nível superior, o curso técnico é uma ótima porta de entrada no mercado de trabalho”, disse. Atualmente, 42% das pessoas que terminam um curso técnico continuam estudando.
É o caso de Jailton Dias, 25 anos, que desde os 13 anos trabalha com o pai como pedreiro. No fim do ano passado, concluiu o curso de Técnico em Edificações e viu seu salário pular de R$ 1 mil mais que dobrar.
“Eu trabalhava de pedreiro, hoje atuo diretamente com o engenheiro, fazendo o meio-de campo com o campo. Mas agora eu quero mais. Já estou fazendo Engenharia Civil”, disse.
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