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Cerca de R$ 2,5 milhões ao ano a menos nas contas pessoais dos deputados baianos
01.03.2013 | Atualizado em 01.03.2013 - 07:46
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Rafael Rodrigues
rafael.rodrigues@redebahia.com.br
rafael.rodrigues@redebahia.com.br
Cerca de R$ 2,5 milhões ao ano a menos nas contas
pessoais dos deputados baianos. Dinheiro que sobra na Assembleia
Legislativa e pode ser devolvido ao estado, revertido em obras e
melhorias para a população. Essa é a soma do 14º e 15º salários que os
63 parlamentares baianos têm direito, benefício que entrou ontem na
berlinda, a reboque da aprovação do projeto que acabou com a boquinha
extra no Congresso Nacional.
Semana que vem, oposição e base aliada sentarão para
discutir a apresentação de um projeto de emenda constitucional (PEC)
para acabar com o benefício. Sem remar contra a maré, a unanimidade dos
deputados ouvidos pelo CORREIO, que até então recebiam a grana extra sem
reclamar, afirmou ser a favor da igualdade de direitos com os demais
cidadãos brasileiros, que só recebem o 13º salário.
“Tudo vai mudando, não é? O que vimos no passado não
serve agora mais. Tudo é o momento, e agora a pressão é grande da
sociedade”, constatou o deputado Reinaldo Braga (PR), que se diz
favorável ao corte. “É uma grande oportunidade de limpar a imagem do
político baiano, de mostrar que não estão em busca de regalias, mas de
trabalho e de ajuda ao povo”, defendeu Uziel Bueno (PTN).
Tratado como irreversível pela maioria dos
parlamentares, o corte de dois salários anuais virou motivo de ciumeira,
já que alguns, ao perceber o apelo popular do tema, foram aos holofotes
da tribuna da Assembleia.
Depois de cair no Congresso, deputados estaduais iniciam mobilização para extinguir benefício na Bahia (Foto: Robson Mendes)
Paternidade
Um deles foi o próprio Uziel, que chamou para si a responsabilidade de elaborar e apresentar a proposta. Ao ser confrontado com a necessidade de apresentar 21 assinaturas no documento para torná-lo válido, não titubeou. “Vou em busca das assinaturas nos gabinetes. Se o problema é esse, esse cara sou eu”, completou.
Um deles foi o próprio Uziel, que chamou para si a responsabilidade de elaborar e apresentar a proposta. Ao ser confrontado com a necessidade de apresentar 21 assinaturas no documento para torná-lo válido, não titubeou. “Vou em busca das assinaturas nos gabinetes. Se o problema é esse, esse cara sou eu”, completou.
A petista Luiza Maia também subiu à tribuna para
liderar o processo. “Nossa atividade é vista como uma coisa ruim e acho
isso péssimo para democracia. Precisamos aprovar essas mudanças para que
o povo possa nos aplaudir”, disse.
Um dos incomodados com os discursos inflamados foi o
líder governista, Zé Neto (PT), que tratou a PEC como de autoria
coletiva. “Não tem ninguém para ser pai da criança aqui na Bahia, porque
vai ser decisão de bancada. Vamos reunir, discutir o assunto e fazer
projeto coletivo”, disse.
Avaliando o fim do 14º e 15º salários como uma
“evolução da classe politica”, o petista ponderou que o pagamento destes
benefícios “não é uma farra desvairada”.
Zé Neto argumenta que os salários extras foram
criados para compensar o não recolhimento do FGTS e Previdência, além da
ausência de férias. “Recesso não é férias. Este ano, só tive dez dias
com minha família. Recesso é a chance que temos de ficar perto de nossas
bases. Muitas pessoas não reclamam que deputado se elege e passa quatro
anos longe?”, indagou.
Na oposição, o líder Elmar Nascimento (PR) afirmou
que deverá recolher a assinatura dos 18 membros do bloco e depois pedir a
adesão dos governistas.
Todavia, ainda há quem demonstre incômodo. “Não tenho pretensão de ganhar mais do que qualquer outro trabalhador, mas esse não é o grande problema do país. Há outras questões muito mais importantes para serem discutidas”, disse João Bonfim (PDT).
Todavia, ainda há quem demonstre incômodo. “Não tenho pretensão de ganhar mais do que qualquer outro trabalhador, mas esse não é o grande problema do país. Há outras questões muito mais importantes para serem discutidas”, disse João Bonfim (PDT).
A tramitação da PEC deve durar de dois a três meses,
segundo o presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT). “Se caiu em Brasília,
cai aqui também”, avaliou. Para valer, a PEC tem que ser aprovada duas
vezes, em votação aberta e com adesão de 38 deputados.
Outras mudanças
O deputado Álvaro Gomes (PCdoB) afirmou que vai sugerir que a mesma PEC também exija o fim do salário extra no caso de convocações extraordinárias no período de recesso. “Já que recesso não é férias, não tem sentido ganhar mais”, pontuou. A proposta tem o aval do presidente da Casa. “Pode tirar. Tá na lei, mas não existe mais convocação remunerada, nunca mais aconteceu”, ponderou Nilo.
Salários a mais foram extintos na Câmara de Vereadores
Na Câmara de Vereadores de Salvador, o fim do 14º e 15º salários começou a vigorar já em janeiro deste ano, se antecipando à mudança ocorrida em Brasília somente nesta semana. A decisão foi tomada em dezembro do ano passado, mas só após os parlamentares do município aumentarem os próprios salários em 50% - de cerca de R$ 10 mil para R$ 15 mil.
O deputado Álvaro Gomes (PCdoB) afirmou que vai sugerir que a mesma PEC também exija o fim do salário extra no caso de convocações extraordinárias no período de recesso. “Já que recesso não é férias, não tem sentido ganhar mais”, pontuou. A proposta tem o aval do presidente da Casa. “Pode tirar. Tá na lei, mas não existe mais convocação remunerada, nunca mais aconteceu”, ponderou Nilo.
Salários a mais foram extintos na Câmara de Vereadores
Na Câmara de Vereadores de Salvador, o fim do 14º e 15º salários começou a vigorar já em janeiro deste ano, se antecipando à mudança ocorrida em Brasília somente nesta semana. A decisão foi tomada em dezembro do ano passado, mas só após os parlamentares do município aumentarem os próprios salários em 50% - de cerca de R$ 10 mil para R$ 15 mil.
“O político é um trabalhador como outro qualquer e
não pode manter privilégios. Temos que dar o exemplo”, disse o vereador
Paulo Câmara (PSDB), presidente da Casa. Esse corte de benefícios
representa uma economia de R$ 1,3 milhão aos cofres municipais.
Vereadores não recebem auxílio moradia, já que
residem na cidade em que foram eleitos. Em Brasília, a medida deve gerar
uma economia anual de, pelo menos, R$ 30,1 milhões, considerados os
gastos da Câmara Federal e Senado.
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