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Escolas ficaram fechadas, os ônibus mudaram o trajeto e boatos sobre arrastões geraram muita tensão
10.08.2013 | Atualizado em 10.08.2013 - 09:23
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Bruno Wendelbruno.cardoso@redebahia.com.br
Um
dia depois da presença massiva do aparato de segurança do estado, a
população dos bairros de Tancredo Neves e Engomadeira amanheceu com a
rotina alterada: escolas ficaram fechadas, ônibus mudaram os trajetos e
boatos de arrastões deixaram o clima ainda mais tenso.
Enquanto
o pedreiro José Raimundo dos Santos, 58 anos, não sabia se conseguiria
chegar a tempo para uma consulta no Hospital Santa Izabel, em Nazaré,
oito integrantes da quadrilha do traficante Adailton Matos de Brito, 30
anos, o Sassá, morto na megaoperação realizada quinta-feira na
Engomadeira, eram apresentados no auditório da Secretaria da Segurança
Pública.
Em meio ao trânsito, policial aponta arma durante abordagem
Em meio ao trânsito, policial aponta arma durante abordagem
“Não
consigo andar daqui até o Conjunto Arvoredo, onde os ônibus estão
parando agora. Sinto dor nas costas”, disse o pedreiro. A mudança no
transporte coletivo foi por causa dos cinco ônibus queimados pela facção
de Sassá no final de linha de Tancredo Neves.
Moradores
que pegavam ônibus no local tiveram que andar 1,5 quilômetro até o
novo final de linha improvisado no Conjunto Arvoredo. Apesar do
policiamento reforçado, os motoristas de ônibus estabeleceram um ponto
de ônibus fora do perímetro das ações da polícia e dos bandidos.
PM revista jovem no bairro da Engomadeira; abordagens ocorreram durante todo o dia
PM revista jovem no bairro da Engomadeira; abordagens ocorreram durante todo o dia
Em
comunicado, o sindicato dos rodoviários informou que os ônibus voltam a
circular hoje no final de linha de Tancredo Neves. A decisão foi tomada
após reunião com o major Enéas Estrela, responsável pelo policiamento
da região, que se comprometeu a manter uma viatura no local a partir
das 4h.
Já na Engomadeira, o sindicato
exige as mesmas condições para que os ônibus voltem a circular no
bairro. A circulação no final de linha, na rua São Tiago, também foi
suspensa. De lá até o Conjunto Arvoredo, a distância é de também pouco
mais de 1,5 quilômetro.
Limpeza
Ontem, garis trabalhavam no final de linha de Tancredo Neves e coletavam o que restou dos cinco ônibus queimados na quinta-feira. Com passos rápidos e segurando a mão da filha de 11 anos, a podóloga Luciana Lopes, 44, andou 1,5 quilômetro para pegar o ônibus até o trabalho, em uma clínica na Pituba.
Ontem, garis trabalhavam no final de linha de Tancredo Neves e coletavam o que restou dos cinco ônibus queimados na quinta-feira. Com passos rápidos e segurando a mão da filha de 11 anos, a podóloga Luciana Lopes, 44, andou 1,5 quilômetro para pegar o ônibus até o trabalho, em uma clínica na Pituba.
“Não tem jeito. Preciso
trabalhar. Mas isso é péssimo. Horrível. Uma sensação de impotência. Não
sei que horas vou chegar no meu emprego”, declarou. Enquanto era
entrevistada, uma guarnição da Rondas Especiais (Rondesp) circulava na
Rua Paraíba, uma das ruas que dão acesso ao final de linha.
“Policiamento tem, mas não é suficiente. Eles estão aqui de 20 em 20
minutos, mas o necessário era um ponto fixo. As pessoas estão
temerosas”, comenta a comerciante Darci da Glória, 43.
O
major Enéas Estrela, comandante da 23ª Companhia Independente da PM
(Tancredo Neves), informou que as duas regiões terão o policiamento
reforçado. “Teremos viaturas dando continuação aos trabalhos na área
enquanto durar a megaoperação de combate ao tráfico de drogas”,
declarou.
Apresentação Entre
os presos na megaoperação policial está Mariana Barbosa Leal, viúva de
Sassá, líder da facção criminosa. Segundo a polícia, Mariana controlava e
intimidava gerentes de pontos de tráfico para que não perdessem mercado
para traficantes rivais. Segundo o promotor Ramires Tyrone de Almeida
Carvalho, a facção mantinha uma organização hierárquica e funcional
semelhante a de empresas.
“Você tem o
presidente que é o líder, o chefe daquela estrutura que determina o que
fazer, como fazer, o dinheiro para que as operações sejam feitas e os
soldados, aqueles que prestam a segurança, cobram das pessoas,
distribuem as drogas. Essa estrutura existia de forma clara na
Engomadeira”, explicou o promotor.
Leia mais:
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Suspeito de incendiar ônibus em Tancredo Neves é morto pela polícia
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De
acordo com a investigação da polícia, a quadrilha liderada por Sassá
mantinha ligações com o Comando da Paz. “Esse vínculo se dava através do
recebimento de drogas e prestação de ordens determinadas pelo Comando
da Paz. A maneira de como essas ordens eram passadas ainda é objeto de
investigações”, explicou Leonardo Rodrigues, delegado da Polícia
Federal.
Oito pessoas foram presas durante operação da polícia
Oito pessoas foram presas durante operação da polícia
Outros
integrantes da quadrilha continuam foragidos. Dentre eles, Cebola, que
pode assumir o comando da facção. “Cebola ocupava uma posição
intermediária no grupo, com a morte de Sassá talvez haja uma mudança de
hierarquia e ele passe a dirigir o grupo. Ele fugiu com o Leleque”,
afirmou Rodrigues.
Entre os foragidos
estão ainda: Rosivaldo Alves de Jesus, o Buiú, Ismael Ferreira dos
Santos, Cláudio Nascimento Souza da Cruz, o Cabeça, Valdemir Santiago
Soares, conhecido como Mimi, Anderson Paixão dos Santos, Jeferson Santos
Andrade e Cristiano Santos Santana.
Entre
os presos por tráfico de drogas estão Elane Santos de Jesus, Jorge Luiz
Coelho Barbosa, o Gaguinho, Vando de Jesus Santos, Geverson Damasceno
de Araújo, Vítor Dias Damasceno, o Visconde, Leandro Pereira de Souza, o
Loura, e Ismael Ferreira dos Santos, o Ninho. Com o bando foram
encontrados uma pistola calibre 45, um revólver calibre 22, 241 pedras
de crack, 1.441 balinhas de maconha e 1.475 papelotes de cocaína.
Colaborou Caique Santos
Portões fechados na escola Zumbi dos Palmares, onde estudam 1,5 mil alunos
Escolas fecham e 3,6 mil alunos ficam sem aulasO silêncio tomou conta ontem das escolas públicas de Tancredo Neves. Ao todo, 3,6 mil estudantes ficaram sem aulas. No Colégio Estadual Zumbi dos Palmares, o vigilante Ubiratã Santos Guedes era o único presente. As aulas foram suspensas depois de os ônibus terem sido queimados no bairro. “É ordem da direção”, avisou, disparando em seguida: “Está todo mundo com medo, inclusive eu”.
Portões fechados na escola Zumbi dos Palmares, onde estudam 1,5 mil alunos
Escolas fecham e 3,6 mil alunos ficam sem aulasO silêncio tomou conta ontem das escolas públicas de Tancredo Neves. Ao todo, 3,6 mil estudantes ficaram sem aulas. No Colégio Estadual Zumbi dos Palmares, o vigilante Ubiratã Santos Guedes era o único presente. As aulas foram suspensas depois de os ônibus terem sido queimados no bairro. “É ordem da direção”, avisou, disparando em seguida: “Está todo mundo com medo, inclusive eu”.
A escola
atende a 1.515 alunos que cursam o ensino médio e fundamental. A
situação foi a mesma no Colégio Estadual Advaldo Fernandes. Às 11h, os
últimos funcionários deixaram o prédio. “Os professores não vieram com
medo. Pouco alunos chegaram a vir, mas retornaram logo quando avisamos”,
declarou Edson ferreira, 30, porteiro da escola, que atende a 657
alunos, distribuídos em turmas do ensino médio e educação profissional.
Do portão da Escola Estadual Helena Magalhães, o vigilante gritou do outro lado: “Não tem aula!” O berro era para Graciane Freitas, 17, aluna da instituição. “Vim aqui para conferir”, disse a jovem, um dos 1.517 alunos do ensino médio e fundamental. Em contato com o CORREIO, a Secretaria Estadual da Educação informou que as aulas serão retomadas na segunda-feira e garantiu que o dia será reposto no calendário escolar.
Do portão da Escola Estadual Helena Magalhães, o vigilante gritou do outro lado: “Não tem aula!” O berro era para Graciane Freitas, 17, aluna da instituição. “Vim aqui para conferir”, disse a jovem, um dos 1.517 alunos do ensino médio e fundamental. Em contato com o CORREIO, a Secretaria Estadual da Educação informou que as aulas serão retomadas na segunda-feira e garantiu que o dia será reposto no calendário escolar.
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