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Subdivididos em grupos, eles farão a opção pelo silêncio ou a apuração dos escândalos no Vaticano. Brasileiro entre os preferidos tem perfil conservador
12.03.2013 | Atualizado em 12.03.2013 - 07:14
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Foto: Osservatore Romano/AFP
Victor Longo, com agências
victor.longo@redebahia.com.br
O campo de batalha onde será definido o futuro da Igreja Católica está pronto. A Capela Sistina, no Vaticano, já está devidamente limpa, organizada, com o piso nivelado e com os aparelhos que cortam qualquer sinal de telefonia móvel devidamente instalados. Às 17h de hoje em Roma (13h em Salvador), os 115 cardeais católicos aptos a votar no conclave, eleição que escolherá um novo papa, começam a realizar a primeira votação.
Hoje, portanto, haverá fumaça, mas ela dificilmente será branca, sinal de que há um novo papa. Embora haja a expectativa de um conclave rápido, o porta-voz do Vaticano descartou que um consenso seja alcançado ainda hoje. Isso porque, para que um dos cardeais seja consagrado Bispo de Roma, ele precisa ter pelo menos dois terços dos votos (77), o que historicamente não costuma acontecer logo na primeira votação.
É possível, porém, que algum deles já seja eleito amanhã, quando ocorrem quatro novas votações. Ainda segundo o Vaticano, a Igreja Católica deve ter um novo papa no prazo médio de uma semana. Os escrutínios (votações) ocorrerão na Capela Sistina, mas os cardeais ficarão hospedados na Casa Santa Marta, em quartos individuais sorteados.
Tendências O conclave que começa hoje ocorre em um momento de conflitos que dividem o alto clero, além de chamar atenção por se seguir à renúncia de um pontífice, fenômeno raríssimo na história da Igreja (a última vez ocorreu há 600 anos). Nesse momento, três candidatos são os mais cotados para vencer: o arcebispo de Milão, Angelo Scola, de 71 anos; o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, 63; e o canadense Marc Ouellet, de 67 anos, ex-arcebispo do Quebec e prefeito da Congregação dos Bispos no Vaticano. Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, o nome do americano Sean O’Malley, de Boston, também tem ganhado força.
Apontado como favorito, Scola é apoiado por parte dos cardeais italianos e tem bom trânsito entre os americanos. Sua escolha poderia significar uma opção da Igreja Católica pelo chamado “pacto da transparência”, uma luta de um grupo de religiosos americanos conhecidos como ‘cowboys’ pela apuração e condenação dos culpados no escândalo do banco do Vaticano. O canadense Marc Ouellet é apontado como o segundo favorito desse grupo.
A eleição do italiano também significaria um investimento no diálogo interreligioso, já que ele é conhecido por ter criado publicações católicas em árabe. Scola, contudo, encontra resistência no interior da Cúria romana, por seus conflitos com o cardeal Tarcisio Bertone, favorável a colocar “panos quentes” nos escândalos de desvio de dinheiro e até orgias homossexuais envolvendo a Santa Sé. A divisão entre os 28 cardeais italianos também é vista como um ponto negativo para sua eleição.
Por sua vez, o brasileiro Scherer é apadrinhado por Bertone e considerado o preferido da Cúria, a máquina burocrática que administra a Igreja e está na raiz dos escândalos. Se, por um lado, a escolha dele como papa levaria à opção pelo silêncio sobre os desvios, por outro, representaria uma renovação: a primeira eleição de um papa nascido em um país fora da Europa. A opção por Scherer, entretanto, passa longe de ser uma escolha progressista.
O arcebispo de São Paulo já se envolveu em controvérsias públicas por fazer declarações condenando o aborto. Quando o Supremo Tribunal Federal legalizou o aborto de anencéfalos, em 2012, por exemplo, ele perguntou quem seriam os próximos a serem considerados “indignos de viver”.
O canadense Ouellet, por sua vez, é um teólogo de prestígio e ferrenho ortodoxo. Ele corrobora com as posições do Vaticano contra o casamento gay e o aborto, inclusive nos casos de estupro.
victor.longo@redebahia.com.br
O campo de batalha onde será definido o futuro da Igreja Católica está pronto. A Capela Sistina, no Vaticano, já está devidamente limpa, organizada, com o piso nivelado e com os aparelhos que cortam qualquer sinal de telefonia móvel devidamente instalados. Às 17h de hoje em Roma (13h em Salvador), os 115 cardeais católicos aptos a votar no conclave, eleição que escolherá um novo papa, começam a realizar a primeira votação.
Hoje, portanto, haverá fumaça, mas ela dificilmente será branca, sinal de que há um novo papa. Embora haja a expectativa de um conclave rápido, o porta-voz do Vaticano descartou que um consenso seja alcançado ainda hoje. Isso porque, para que um dos cardeais seja consagrado Bispo de Roma, ele precisa ter pelo menos dois terços dos votos (77), o que historicamente não costuma acontecer logo na primeira votação.
É possível, porém, que algum deles já seja eleito amanhã, quando ocorrem quatro novas votações. Ainda segundo o Vaticano, a Igreja Católica deve ter um novo papa no prazo médio de uma semana. Os escrutínios (votações) ocorrerão na Capela Sistina, mas os cardeais ficarão hospedados na Casa Santa Marta, em quartos individuais sorteados.
Tendências O conclave que começa hoje ocorre em um momento de conflitos que dividem o alto clero, além de chamar atenção por se seguir à renúncia de um pontífice, fenômeno raríssimo na história da Igreja (a última vez ocorreu há 600 anos). Nesse momento, três candidatos são os mais cotados para vencer: o arcebispo de Milão, Angelo Scola, de 71 anos; o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, 63; e o canadense Marc Ouellet, de 67 anos, ex-arcebispo do Quebec e prefeito da Congregação dos Bispos no Vaticano. Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, o nome do americano Sean O’Malley, de Boston, também tem ganhado força.
Apontado como favorito, Scola é apoiado por parte dos cardeais italianos e tem bom trânsito entre os americanos. Sua escolha poderia significar uma opção da Igreja Católica pelo chamado “pacto da transparência”, uma luta de um grupo de religiosos americanos conhecidos como ‘cowboys’ pela apuração e condenação dos culpados no escândalo do banco do Vaticano. O canadense Marc Ouellet é apontado como o segundo favorito desse grupo.
A eleição do italiano também significaria um investimento no diálogo interreligioso, já que ele é conhecido por ter criado publicações católicas em árabe. Scola, contudo, encontra resistência no interior da Cúria romana, por seus conflitos com o cardeal Tarcisio Bertone, favorável a colocar “panos quentes” nos escândalos de desvio de dinheiro e até orgias homossexuais envolvendo a Santa Sé. A divisão entre os 28 cardeais italianos também é vista como um ponto negativo para sua eleição.
Por sua vez, o brasileiro Scherer é apadrinhado por Bertone e considerado o preferido da Cúria, a máquina burocrática que administra a Igreja e está na raiz dos escândalos. Se, por um lado, a escolha dele como papa levaria à opção pelo silêncio sobre os desvios, por outro, representaria uma renovação: a primeira eleição de um papa nascido em um país fora da Europa. A opção por Scherer, entretanto, passa longe de ser uma escolha progressista.
O arcebispo de São Paulo já se envolveu em controvérsias públicas por fazer declarações condenando o aborto. Quando o Supremo Tribunal Federal legalizou o aborto de anencéfalos, em 2012, por exemplo, ele perguntou quem seriam os próximos a serem considerados “indignos de viver”.
O canadense Ouellet, por sua vez, é um teólogo de prestígio e ferrenho ortodoxo. Ele corrobora com as posições do Vaticano contra o casamento gay e o aborto, inclusive nos casos de estupro.
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