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As polêmicas declarações de Feliciano têm causado desgastes dentro do próprio partido
07.04.2013 | Atualizado em 07.04.2013 - 17:02
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Estadão Conteúdo
Cerca de 1,2 mil pessoas protestaram na manhã deste
Domingo em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, contra a permanência
do deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) na
presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados. A manifestação reuniu parlamentares, artistas e
representantes de diferentes organizações religiosas e movimentos
sociais.
Gritando palavras de ordem que pediam a saída de
Feliciano, eles caminharam pela orla de Copacabana em um protesto que
durou mais de duas horas. “Tire sua fobia do caminho, que eu quero
passar com o meu amor”, diziam alguns dos cartazes empunhados pelos
manifestantes. Para o diretor executivo da Anistia Internacional no
Brasil, Átila Roque, a postura autoritária e intolerante de Feliciano à
frente da CDH revela sua pretensão de capturar a comissão para uma
agenda restrita e fundamentalista. “Isso só reforça a importância do
Congresso e dos partidos políticos se darem conta do enorme erro que
cometeram ao colocar a Comissão dos Direitos Humanos como moeda de
troca numa barganha política pelas posições no Congresso”.
O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) reconhece
que a eleição de Feliciano não fere os regimentos internos da Câmara,
mas afirmou que os parlamentares estão se mobilizando para tentar
demovê-lo do cargo. “ O PSC tem outros nomes para indicar. Nós
sugerimos até o nome do Hugo Leal, que apesar de ser conservador é um
cara do diálogo”, afirmou Wyllys, criticando a recente atitude de
Feliciano em impedir o acesso do público às reuniões da comissão.
Wyllys também afirmou que Feliciano tem adotado a estratégia de entregar
a relatoria das proposições que chegam à CDH para análise a aliados
que possivelmente irão barrá-las.
“Não é que vamos banir o ponto de vista conservador
do debate político. O Marco Feliciano nem conservador é, ele é um
reacionário”. Para o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ),
presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Assembleia
Legislativa do Rio, posturas semelhantes à de Feliciano, que mistura o
seu fundamentalismo com um projeto de Estado e de poder, já custaram
muito caro a outras nações. “São muitos lugares no mundo que estão
pagando um preço muito alto por não terem um estado laico. Estamos
falando de bandeiras históricas que sempre tiveram, no estado laico, a
garantia de sua existência, e hoje estão ameaçadas”.
As polêmicas declarações de Feliciano têm causado
desgastes dentro do próprio partido. No início deste mês, a deputada
federal Antônia Lúcia, integrante da CDH há três anos, que ameaçou
renunciar ao cargo de vice-presidente da comissão após Feliciano
afirmar que o colegiado era “dominado por Satanás”. Aliados de
Feliciano argumentam que o pastor evangélico estaria sendo perseguido
por uma espécie de “cristofobia”, o que é contestado por representantes
de diferentes entidades religiosas que estiveram presentes à
manifestação. “Esse movimento não é de forma alguma contra uma igreja
ou uma religião. A homofobia e o racismo negam os valores essenciais do
cristianismo”, disse o padre Ricardo Resende, um dos fundadores do
Movimento Humanos Direitos.
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