O Município de
Lauro de Freitas, antigo Santo Amaro do Ipitanga, tem suas origens nos
primeiros tempos do Brasil colonial, no longínquo ano de 1552, quando
Garcia D’Ávila, criado e almoxarife de Tomé de Souza, pediu e obteve
dele,que era o Governador - Geral do Brasil, no dia 21 de maio, duas
léguas de terras ao longo do mar, nos campos de Itapuã e Vale do Rio
Joanes. Foi o 1º marco lusitano na região, pois até então só os índios
tupis aqui habitavam.
Garcia D’Ávila
recebeu algumas das primeiras cabeças de gado trazidas para o Brasil e
aqui pelos campos de Tatuapara onde ergueu a sua fortaleza e pelos
arredores (Aldeia do Espírito Santo, Ipitanga e Itapuã), fez o ponto de
partida no Nordeste, para o ciclo do gado, de tão grande importância
para o nosso país. Os jesuítas também marcaram presença importante. Já
em 1578 temos o registro de suas passagens por nossa terra, quando de
uma visita à aldeia do Espírito Santo (atual Vila de Abrantes), ocasião
em que é atribuído um milagre ao Padre Anchieta, ao salvar um índio de
afogar-se nas águas caudalosas do Rio Joanes e em 1608 fundam a
freguesia de Santo Amaro do Ipitanga.
Santo Amaro ou
Mauro foi Monge Benedito Italiano, que morreu no ano de 578. Padroeiro
dos fabricantes de velas e carregadores é também o padroeiro do nosso
município onde é festejado devotamente em janeiro, sendo o dia 15 a ele
dedicado. Arquitetonicamente barroco-maneirista, a Igreja Matriz ocupou
por longo período a sede da freguesia e originou ao seu redor o povoado,
hoje sede do município.A Igreja Matriz adquiriu suas feições atuais no
século XVIII.
No ciclo da
cana-de-açúcar, a região teve o seu esplendor, destacando-se os
engenhos: Japara, Cají, Quingoma e São Bento. Esse esplendor,
entretanto, foi lamentavelmente alcançado às custas do trabalho escravo
dos negros vindos da África nas condições mais desumanas possíveis,
substituindo os índios que iam sendo também impiedosamente exterminados
pelos portugueses . Grande resistência houve por parte dos escravos
africanos, culminando com o “Combate do Rio Joanes” - protagonizado por
negros muçulmanos travado nas margens do rio, em Portão no dia 28 de
fevereiro de 1814 e que resultou em muitas mortes.
Ruínas
no Engenho Japara, atualmente encontra-se preservado na residência do
arquiteto Fernando Frank, no luxuoso condomínio Encontro das Águas na
Estrada do Coco.
Em meados do
século passado, com os reflexos do fim do ciclo da cana-de-açúcar, da
gradativa extinção da escravatura e de um surto de cólera que dizimou
quase toda a população, dentre outros fatores, a região entrou em
declínio, situação esta que não se altera muito, mesmo com a instalação
do campo de aviação após a 1ª Guerra Mundial e a construção da Base
Aérea e do aeroporto durante a 2ª grande guerra.
Em 1962, depois
de resoluções, decreto e lei, por indicação do então Vereador da capital
Dr. Paulo Moreira de Souza, atendendo aos anseios de velhos moradores, o
distrito de Ipitanga é então emancipado, com o nome de Lauro de
Freitas, nome dado em homenagem ao Dr. Lauro Farani Pedreira de Freitas,
falecido tragicamente em acidente aéreo, quando de sua candidatura
praticamente vitoriosa a Governador da Bahia.
Lauro Farani Pedreira de Freitas
É nesse mesmo
ano, que na paradisíaca praia de Buraquinho, Glauber Rocha dá a largada
para a sua carreira internacional, ao concluir as filmagens de
Barravento, que conquistaria o premio Opera Prima no Festival
Internacional de cinema de Karlovy Vary, naTheco-Eslováquia. A praia de
Buraquinho serviu de cenário para quase todo o desenrolar do filme.
Nasce assim o nosso município sob o signo da cultura.
Cenas do Filme Barravento de Glauber Rocha filmado na praia de Buraquinho
A partir da
década de sessenta ironicamente, são os hippies que fugindo da
civilização em direção ao paraíso de Arembepe, acabam atraindo uma
multidão de curiosos aventureiros, empreendedores e especuladores. Com
eles um ciclo de desenvolvimento se acelera nessa mesma década, com a
construção da Estrada do Coco e se consolida nos anos noventa com a
linha verde, multiplicando-se o número de villages, condomínios,
loteamentos, restaurantes, bares, barracas de praia de grande porte,
shoppings, bancos, pousadas e outros estabelecimentos voltados muitos
deles para o turismo, que se constitui numa grande vocação e
potencialidade econômica da região.
A Lauro de
Freitas, que é uma espécie de Capital Regional do Litoral Norte (Costa
dos Coqueiros), está reservado o importante papel de servir de modelo de
desenvolvimento industrial, para as demais localidades dessa extensa
orla marítima que se estende até os limites do Estado de Sergipe.
Atividades turísticas não faltam, pois o município, apesar da sua
reduzida extensão, possui belas praias, rios com possibilidades de serem
ainda recuperados, lagoas, quedas d’água e resquícios da Mata
Atlântica, dentre outras belezas naturais. Uma rica história, grande
influência da cultura indígena, que ficou gravada na nomenclatura de
vários de seus lugares, uma grande herança da cultura africana que se
expressa em seus muitos terreiros de candomblé, grupos de capoeira e na
voz ritmo de seus sambistas e da cultura europeia, manifestada nas rezas
de Santo Antônio, nas procissões, nos ternos de reis e outras
manifestações populares, além da rica arquitetura e azulejaria do seu
templo de quase quatro séculos, localizado na sua praça principal.
Some-se a tudo isso, a privilegiada proximidade do aeroporto
internacional de Salvador e a proximidade da capital como um todo.
Por Gildasio Freitas
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