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Câncer de pênis é uma doença social e está basicamente ligada às condições de saúde e higiene
22.09.2013 | Atualizado em 22.09.2013 - 08:29
Carmen Vasconceloscarmen.vasconcelos@redebahia.com.br
Todos os anos, cerca de mil brasileiros são submetidos a amputação do pênis. De acordo com dados do Sistema Único de Saúde, a mutilação é causada pela falta de cuidados que faz com o que o Brasil ocupe um dos primeiros lugares em câncer de pênis no mundo, perdendo para a Índia e alguns países do continente africano.
Todos os anos, cerca de mil brasileiros são submetidos a amputação do pênis. De acordo com dados do Sistema Único de Saúde, a mutilação é causada pela falta de cuidados que faz com o que o Brasil ocupe um dos primeiros lugares em câncer de pênis no mundo, perdendo para a Índia e alguns países do continente africano.
Para
tentar mudar esse quadro e chamar atenção da população para medidas
simples que podem evitar a amputação e o câncer, como a limpeza com água
e sabão, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em parceria com o
Instituto Lado a Lado pela Vida, realizará, de 26 a 29 de setembro, a
Campanha Nacional chamada Câncer de Pênis Zero.
A quarta edição da iniciativa conta com textos
explicativos no portal da SBU (www.sbu.org.br), posts de orientação no
Facebook (www.facebook.com/SociedadeBrasileiraUrologia) e ações de
atendimento ao público em cidades do Norte e Nordeste, regiões de maior
incidência do problema. A campanha tem como padrinho o ex-jogador de
futebol Zico, atual técnico do Al-Gharafa (Qatar).
Campanha
De acordo com o urologista e coordenador da campanha na Bahia, Marcelo Brandão, o câncer de pênis é uma doença social e está basicamente ligada às condições de saúde e higiene.
“Com água e sabão e os cuidados de limpeza na glande
(também conhecida como cabeça do pênis) e no prepúcio (que é a pele que
recobre o pênis), o câncer e as amputações poderiam ser evitados”,
completa o médico, ressaltando que, entre os circuncidados, como é o
caso dos judeus nascidos em Israel, as taxas da doença chegam a quase
zero.
“Uma pesquisa realizada pela
Sociedade Brasileira de Urologia no Maranhão, por exemplo, mostrou que,
de cada 100 pacientes operados de fimose, 30% tinham câncer de pênis nos
estágios iniciais”, completa o médico, ressaltando que, no estado, a
campanha vai se concentrar na sensibilização dos profissionais que atuam
nos postos de saúde e no Programa de Saúde da Família para alertar a
população sobre os cuidados.
“Em cidades do interior como Maragogipe, Cachoeira e
São Felix já existe um trabalho constante de sensibilização da
população, realizado ao longo de 15 anos. Na capital, estamos fechando
uma parceria com o Hospital Aristides Maltez”, completa.
Parceiros
A falta de higiene e limpeza não afeta apenas a saúde de quem descuida da saúde íntima, as lesões no pênis também facilitam o desenvolvimento de doença nos parceiros, facilitando, inclusive, a transmissão do papiloma vírus humano (HPV), principal responsável pelos cânceres de colo de útero, vagina, ânus, pênis e orofaringe (boca e garganta).
A falta de higiene e limpeza não afeta apenas a saúde de quem descuida da saúde íntima, as lesões no pênis também facilitam o desenvolvimento de doença nos parceiros, facilitando, inclusive, a transmissão do papiloma vírus humano (HPV), principal responsável pelos cânceres de colo de útero, vagina, ânus, pênis e orofaringe (boca e garganta).
Nos últimos dez anos, inclusive, o câncer de
orofaringe causado pelo HPV superou aqueles causados pelo tabagismo e
pelo álcool, entre os menores de 50 anos.
“Infelizmente,
na maioria dos casos, os homens não apresentam sintomas, por isso
mesmo, não sabem que estão servindo como vetores de disseminação e
contágio”, esclarece o diretor médico do Centro de Pesquisa e
Assistência em Reprodução Humana (Ceparh) e ginecologista, Jorge
Valente.
O cirurgião de boca e pescoço Ivan Agra lembra que
os cânceres de orofaringe são mais comuns no público masculino. “Para
cada mulher com a doença, existe cerca de quatro homens com o mesmo
problema”, salienta o especialista, lembrando que, apesar da resistência
cultural, é fundamental não abrir mão do preservativo, mesmo durante as
preliminares.
No caso do sexo oral, a
dica dos especialistas é apostar nos produtos com sabor, que poderiam
ser usados como aliados para assegurar que prazer e segurança andem
sempre muito próximos.
Sexo
Para assegurar a saúde da boca e garantir o tratamento rápido, Ivan Agra defende que as pessoas realizem periodicamente o autoexame da boca, verificando qualquer lesão na área.
Para assegurar a saúde da boca e garantir o tratamento rápido, Ivan Agra defende que as pessoas realizem periodicamente o autoexame da boca, verificando qualquer lesão na área.
“Feridinhas
que não cicatrizam, dor para engolir que ultrapassa o período de três
semanas merecem atenção especial e, nesses casos, o indivíduo deve
procurar um médico o mais rápido possível”, pontua.
Marcelo Brandão ressalta que o câncer de pênis é
tratável em suas fases iniciais. “Além da higiene diária, feita sempre
após as relações sexuais e a masturbação, é importante que os homens
estejam atentos para qualquer perda de sensibilidade, coceira, lesões
esbranquiçadas e aumento de gânglios (ínguas)”, explica o médico,
salientando que o câncer de pênis tem um impacto muito significativo na
vida das famílias.
“Vivemos um modelo
patriarcal na sociedade e, geralmente, quando o câncer gera a amputação
parcial ou total, esse homem tende a desenvolver outras doenças, como o
alcoolismo e a depressão”, complementa o urologista.
Ele lembra que, mesmo quando a amputação é parcial, o
aspecto psicológico das relações sexuais termina sendo comprometido.
“Geralmente esse homem não consegue executar a penetração e nem atingir o
orgasmo”, esclarece o médico, ressaltando que é retirado cerca de 2
centímetros do pênis.
O médico chama a
atenção que, no caso das relações homem e mulher, é necessário um
mínimo de seis a sete centímetros para proporcionar o prazer da
parceira.
Para Marcelo Brandão, a informação e a educação
desde a infância poderiam mudar o quadro atual. “A prevenção será sempre
melhor que o tratamento”, finaliza Brandão.
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